ALEXANDRE PAES SANTOS, OU ALEXANDRE PAES DOS SANTOS COMENTOU NO TEXTO ANTERIOR (A VERDADE SOBRE JOSÉ SERRA) IRIA RESPONDER PARA ELE, MAS COMO O ENDEREÇO DE CONRRESPONDENCIA DELE É @NOREPLAY...., NAO DEU...ALIÁS ESTA COISA DE ENDEREÇO @NOREPLAY... É COISA DE PROFISSIONAL. LOBISTA PROFISSIONAL NO CASO.PUBLICO AQUI...
Edição 180 29/10/2001
CONGRESSO
Entre poder e dinheiro
Investigado pela Polícia Federal, Alexandre Paes dos Santos tem até bancada própria – confessa um deputado
As investigações sobre as atividades do lobista Alexandre Paes dos Santos fizeram uma nova vítima: Hugo Braga, assessor do ministro da Fazenda, Pedro Malan. Braga perdeu o emprego na noite da sexta-feira, quando Época descobriu que usava um motorista particular pago pela empresa do lobista.
Poderoso pelo volume e importância de seus clientes, Santos é conhecido pelas conexões que possui na cidade. Circula pelo Congresso com uma credencial fornecida pelo deputado paulista Arnaldo Faria de Sá que lhe permite atravessar as portas da Casa sem ser molestado e até entrar no plenário. O documento não autoriza a pessoa a sentar-se na cadeira dos deputados e votar, mas abre portas de reuniões e encontros fechados, como se, em vez de empresário, com interesses privados a defender, Alexandre Paes dos Santos fosse um aplicado assessor de gabinete. Conhecido pelo empenho com que corteja o voto dos aposentados de São Paulo, Faria de Sá cultiva laços de sangue com o lobista. Os dois dividem a mesma secretária, Roselane Castelo Branco, que dá expediente no gabinete do deputado e também presta serviços à APS Consultores & Associados, a empresa de Santos, que lhe paga um fixo por mês. O problema da dupla jornada de Roselane envolve o conflito de interesses, já que a função lhe garante acesso em primeira mão a segredos do Congresso. “É uma grande mancada“, admite o deputado Arnaldo Faria de Sá, que só se deu conta do deslize durante uma entrevista a Época, na quinta-feira.
Faria de Sá não foi o único a fazer descobertas súbitas sobre suas relações com Alexandre Paes dos Santos, na semana passada. O ainda assessor parlamentar do ministro da Fazenda Hugo Braga gostava de contar que mantém uma amizade de dez anos com o lobista. “Ele é um homem bom, que ajuda quem precisa”, dizia. “Quando me separei, ele me convidava para jantar.“ Questionado sobre o motorista, a ajuda menos sentimental dessa amizade, Hugo Braga primeiro admitiu o fato sem rodeios. Em seguida fez uma pausa: “Hoje, com você me falando isso, eu acho estranho. Acho que fui ingênuo”.
A mancada de Arnaldo Faria de Sá não produziu maiores conseqüências para o deputado, ao menos até agora. Mas, para o motorista de Hugo Braga, custou o emprego. O assessor pediu demissão oficialmente por motivo de saúde. A suspeita é que se temia um pequeno escândalo. Nos últimos tempos Alexandre Paes dos Santos gabava-se de uma suposta proximidade com o ministro Pedro Malan e sua mulher, Catarina. Época ouviu de duas fontes, em Brasília, que Paes dos Santos teria aproveitado uma boa oportunidade, no ano passado, para adquirir um quadro do acervo do ministro. A própria Catarina, ouvida pela revista, desmente a história (leia o quadro).
Esse costume de se aproximar dos núcleos do poder a partir de funcionários modestos com acesso a informações estratégicas, mas sem capacidade de decisão, tornou-se um método de trabalho de Alexandre Paes dos Santos. Na semana passada, foi Débora Alves, secretária de Gonzalo Vecina Neto, presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, quem entrou na lista de candidata ao desemprego. Ela foi afastada do posto quando se descobriu que até o número de sua conta bancária constava da agenda do lobista – sem falar no registro de seis refeições de trabalho. Contar com uma pessoa de confiança no coração da Vigilância Sanitária é um trunfo considerável. Ali se aprovam autorizações para o lançamento de remédios, num mercado que faturou US$ 7,8 bilhões em 2000. “Alexandre atua de forma muito agressiva”, afirma um ex-ministro, que conversou com Época sob a condição de ser mantido em anonimato. “Seu esquema é cooptar assessores e deputados não só com dinheiro, mas com viagens e informações privilegiadas.”
As buscas em seu escritório desde que começou a ser investigado, a Polícia Federal apreendeu 19 fitas de vídeo, 23 fitas cassete, três disquetes e uma agenda. Época examinou todo esse material. Ali se descobriu um lobista em plena atividade pelo Congresso, junto a ministérios e autarquias. É legítimo – e saudável – que grupos de toda natureza realizem um trabalho particular de pressão no Congresso, para expor idéias e defender interesses. Democracia é conflito. A situação de Santos torna-se complicada, contudo, quando se constata que ali vigora um mundo peculiar, com regras estranhas, muito segredo – e até uma moeda própria.
Na agenda, em vários dias do ano, há listas de nomes e, ao lado, diferentes números junto à letra K. O K, uma moeda versátil, significa o acréscimo de três zeros a divisas como o real ou o dólar. K de quilômetro, 1.000 metros. K de quilo, 1.000 gramas. “Dez K, pelo sistema monetário de Santos, são 10 mil dinheiros”, diz um advogado que trabalhou com o lobista. “Ele sempre usou esse método para contabilizar valores.” Santos dá outra explicação. “O K é uma forma de codificação. Serve para codificar níveis de relacionamento”, disse ele a Época. Não deixa de ser verdade. Pelas anotações, há deputados com 5K e outros com 50K. O que configura ao menos dez níveis de relacionamento.
Não há restrições partidárias nas listas do lobista. Há tucanos como Sebastião Madeira (MA), Carlos Mosconi (MG) e Zulaiê Cobra Ribeiro (SP), pefelistas do porte de Robson Tuma (SP) e Luciano Pizzatto (PR) e ainda o neopetebista Arnaldo Faria de Sá (SP). “Realmente, nós somos a bancada do Alexandre Paes dos Santos”, admite o já notório deputado Faria de Sá, o da secretária com dupla militância. Sá, além de ter seu nome ao lado de variadas quantidades da moeda K, é o recordista de freqüência na agenda do lobista. De janeiro a outubro deste ano, seu nome aparece em 27 ocasiões.
Só a quebra do sigilo bancário proposta por uma eventual CPI sobre o caso poderá revelar a precisa natureza do relacionamento entre a Bancada do K e Alexandre Paes dos Santos. Seria errado e injusto enxergar aquilo que não se pode provar nem foi demonstrado de modo claro contra cada deputado, mas é possível procurar elementos para entender quais interesses estavam em jogo quando Santos buscou a aproximação no Congresso. Um episódio exemplar envolve a rede de supermercados Carrefour, cliente da APS e citada na CPI que investiga roubo de cargas por acusações de revender mercadorias roubadas. No dia 21 de abril, Santos anotou na agenda sua estratégia: “Abrir as portas do Carrefour para a CPI, antes que a CPI peça. Fornecer maior número de documentos”. Ao lado da anotação, escreveu o nome do senador Romeu Tuma (PFL-SP), presidente da comissão. A estratégia não deu resultado. No dia 27 de junho, o deputado Robson Tuma (PFL-SP) apresentou requerimento pedindo para a polícia internacional, Interpol, solicitar ao governo francês relatório sobre inquérito envolvendo o Carrefour. “Existem fortes informações de que esta mesma rede de supermercados teve naquele país problemas com cargas roubadas”, discursou Robson Tuma. No mesmo dia, a agenda de Santos informa uma reunião com Robson Tuma.
27 referências
O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) é o campeão de citações na agenda. Divide com Santos uma secretária e entregou-lhe um crachá que permite acesso à Câmara
13 referências
De acordo com a agenda, Robson Tuma (PFL-SP) teve encontros com ele no mesmo período em que o deputado buscava provas contra o Carrefour, cliente do lobista
20 referências
A pedido de Santos, a deputada Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB-SP) conseguiu uma audiência para a empresa Getec na Caixa Econômica Federal
23 referências
Segundo-tesoureiro do PSDB, Sebastião Madeira (MA) diz que não recebeu dinheiro do lobista. Mas pagou R$ 30 mil por um "serviço de assessoria"
23 referências
Carlos Mosconi (PSDB-MG) deu em abril parecer favorável à isenção de impostos para filtros solares, um dos produtos da Johnson&Johnson, então cliente de Santos
13 referências
Luciano Pizzato (PFL-PR) derrubou projeto que proibia a importação de agrotóxicos, o que beneficiou uma empresa cliente do lobista
18 referências
Hugo Braga, assessor parlamentar do ministro da Fazenda, usa os serviços de um motorista pago por Santos. Braga foi demitido por Malan na sexta-feira
5 referências
O economista do BNDES Fernando Fróes despacha no gabinete do deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA) e auxilia Santos nos negócios
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