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segunda-feira, 28 de junho de 2010

MOVIMENTO CAPIXABA DE LUTA ANTIMANICOMIAL-NÚCLEO ANTIMANICOMIAL ES CRONOGRAMA DE REUNIÕES 2010




MÊS               DATA   HORA              LOCAL

JULHO               19      14.00 ás 17.00     Casa do Cidadão
AGOSTO            18      14.00 ás 17.00     Á confirmar
SETEMBRO       20      14,00 ás 17.00     Á confirmar
OUTUBRO         18      14,00 ás 17,00     Á confirmar
NOVEMBRO      18      14,00 ás 17,00     Á confirmar

MOVIMENTO NACIONAL DE USUÁRIOS DA LUTA ANTIMANICOMIAL

 
COMUNICADO NACIONAL
No ano de 1987, nasceu o MNLA, um movimento pró-saúde mental que defende a extinção dos manicômios e hospícios do Brasil. Um deputado fez um projeto de lei e foi aprovado em 2000 no congresso e senado federal, a lei 10.216, uma vitória do movimento nacional da luta antimanicomial. No IV Encontro Nacional do MNLA, começa a iniciar um novo processo de divisão do movimento, sendo essa divisão concretizada no V Encontro Nacional, em Miguel Pereira. Um marco histórico se fez nesse encontro. Nasce a Rede Nacional de Internúcleos da Luta Antimanicomial, com ideologias análogas ao Movimento Nacional de Luta Antimanicomial, porém com metodologias e perfil diferentes.
Nessa fase contemporânea, percebemos claramente nos serviços de saúde mental, nos eventos nacionais, estaduais e regionais tais como Conferências, Encontros etc., que muitos usuários não possuem uma voz autêntica, independente e verdadeira, pois muitos profissionais e familiares insistem ainda em falar por eles, insistem em influenciá-los a serem porta-vozes com fins de interesses próprios. Vemos por exemplo, familiares insistindo com profissionais que a medicação está fraca e que teria que aumentar; vemos também muitos familiares solicitando e orientando profissionais a favorecer a internação para não se dar o trabalho de cuidar do paciente em casa ou nos CAPS.
Levando em consideração que os usuários precisam e tem o direito de optar pelo tratamento, além de ter o direito de decidir sobre suas reivindicações em plenárias e eventos em geral sem a interferência de outros segmentos visto que são os usuários que passaram e passam por manicomializações sociais, maus tratos, preconceitos, discriminações e estigmas dos mais diversos tipos e portanto são eles que sofrem na pele as conseqüências das decisões sobre assuntos relacionados á saúde mental por serem os atores principais passíveis dessas decisões, NÓS USUÁRIOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL ESTAMOS PLANTANDO UMA SEMENTE QUE PRETENDEMOS GERAR UM MOVIMENTO NACIONAL DE USUÁRIOS DA LUTA ANTIMANICOMIAL ( MONULA ), para podermos ter um espaço só nosso onde nós discutiremos assuntos pertinentes aos nossos tratamentos, vida social, cultural e assuntos afins, para que possamos ter a nossa voz valorizada e referendada pelos atores passíveis de manicomialização social desse país.
O MOVIMENTO NACIONAL DE USUÁRIOS DA LUTA ANTIMANICOMIAL tem como finalidade priorizar, valorizar, orientar e referendar a voz autêntica dos usuários dos serviços de saúde mental, além de ajudar nas denúncias e protestos referentes aos mesmos. Em um futuro próximo, poderemos nos organizar para eventuais surgimentos de espaços de discussões tais como plenárias e encontros.
Gostaríamos de deixar bem claro que outros segmentos (profissionais, gestores e familiares), que concordarem com nossas reivindicações, se quiserem nos apoiar e lutar juntamente conosco, serão bem vindos, pois muitos profissionais e familiares falam a nossa língua e sabem que nós precisamos andar com nossas próprias pernas. Precisamos deles, pois não se faz políticas públicas de saúde mental sem o apoio e sem parcerias como as de outros segmentos.
No mais, devemos esclarecer que o MOVIMENTO NACIONAL DE USUÁRIOS DA LUTA ANTIMANICOMIAL, apóia e trabalha em simbiose com o MOVIMENTO NACIONAL DA LUTA ANTIMANICOMIAL, sendo parceiro incondicional desse movimento.

Atenciosamente

ALEXANDRE BELLAGAMBA DE OLIVEIRA
Movimento Nacional de Usuários da Luta Antimanicomial
Membro Titular da CERP-CES/SESDEC-RJ
Filiado da ABRASME
Conselheiro da APACOJUM
Ativista Antimanicomial
Usuário do CAPS de Cabo Frio

ABAIXO ASSINADO PELOS USUÁRIOS DE SAÚDE MENTAL TEREM DIREITO A ACOMPANHANTES

Amigos,
 Há algum tempo milito na área de direitos humanos, especificamente no movimento luta antimanicomial e almejo ver os usuário tendo direito a acompanahnte enquanto internados.Portanto o mondo virtual nos oferece uma nova ferramenta:UM ABAIXO ASSINADO VIRTUAL.
PARTICIPE CLICANDO AQUI E ASSINANDO.
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/6433
Aproveite, e click no envelope abaixo e envie aos amigos.
Saudações Antimanicomiais !

ZUZU FONTES


Ao congresso nacional,
Às organizações, associações,autoridades de saúde, profissionais de saúde mental, legisladores e
juristas.
C/C Organizações das nações Unidas
Ao CCRH

Pelos usuários de sistema de saúde mental terem direito a acompanhante enquanto internados.

Senhores,
Reivindicamos o acompanhamento na internação dos usuários de saúde
mental por parente próximo como obrigatório nas instituições
psiquiátricas brasileiras.
.....Visto que, o usuário de saúde mental é incapaz.perante a lei e as
instituições psiquiátricas são ineficazes em salvaguardar sua
dignidade pessoal visto que o usuário de saúde mental depende de apoio
da família para sua melhoria e bem estar; e ainda que a internação
solitária gera maior incapacidade social causado pelos descasos do
quadro clínico e até da família Verificando também que inúmeras
drogadições, lobotomias e eletro choques são efetuados em clínicas de
saúde mental publicas ou particulares,remédios fortes são prescritos
sem o conhecimento e consentimento da família, podemos causar sérios
danos ao SNC e dependência química.
Sabemos, que por serem incapazes de lutar pela sua vida e
direitos,pelas limitações inerentes aos mesmos,e métodos atuais de
internação não possuem até então caráter preventivo de recaídas. Se
este paciente, é incapaz pela ciência, porque deixá-los a mercê de
médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagens, distanciando-o de sua
realidade e dificultando sua recuperação?
A drogadiçao excessiva é motivo de maior despesa no orçamento do SUS e
conseqüente volta e permanência do mesmo dentro dos hospitais: quanto
maior drogadiçao o usuário for exposto, mais demorará para sua
recuperação e reinserção social e familiar. Para livrar-nos do sistema
crônico de geração de pacientes psiquiátricos pelas clinicas e
laboratórios, devido aos vícios de fármacos contínuos que causam
dependência física e psíquica
Ora, são incapacitados, perante a lei, mesmo temporariamente,têm
o direito humano de permanecerem acompanhados de familiares,
pais,irmãos esposas ou filhos,até a sua alta!
Que seja instituído por lei o direito de um acompanhante quando se der
a internação de um usuário de saúde mental em qualquer leito de
instituição psiquiátrica brasileira.Que seja pautada na lei a
dignidade humana de todos e inclusive do usuário de saúde mental,
aprovando e assegurando a permanência de um acompanhante ao paciente,
assegurando-lhes o equilíbrio, e a segurança pessoal na
insanidade,como cidadãos que são!
Senhores,solicitamos em caráter de urgência esta lei!

ABAIXO ASSINAMOS:
Dados adicionais:

domingo, 27 de junho de 2010

ZUZUANDO

No Interior, o Caipira. . .
No interior, o caipira passou uns tempos internado no hospício porque cismou que era um grão de milho. Foi tratado, teve alta, e um belo dia, quando ia andando por uma estradinha de terra, viu uma galinha no meio do caminho e estacou no chão. A "muié" dele estranha:
- Ué! Ocê parô pur quê? Agora ocê sabe que não é um grão de milho!
- Puis, é! Sabê, eu sei! Mas e a galinha, será que ela já sabe?!

DEPUTADOS NÃO SABEM O QUE ASSINAM...VEJA:

sábado, 26 de junho de 2010

FIM DA TARIFA DE TELEFONE FIXO.

 Embratel lança a primeira linha fixa livre de  assinatura.

 A Embratel está lançando o primeiro produto em parceria com a Vésper, após a aquisição da empresa há cerca de um mês.
 Trata-se do Livre, uma linha fixa residencial sem assinatura básica , que custa ao consumidor somente valor das ligações.
 O objetivo é livrar os clientes residenciais do custo da assinatura mensal, além de ser uma alternativa competitiva às concessionárias de telefonia local.
 O Livre estará disponível a partir dos 17 estados cobertos pela Vésper (SP, RJ, ES, MG,RS etodo o Nordeste e Norte). Os próximos serão os estados dos sul.
 O novo produto da Embratel inclui serviços especiais como secretária eletrônica, identificador de chamadas, chamada em espera e instalação rápida, sem custos extras. Caso o usuário opte pelo pagamento em débito automático, ganha também  'conferência a três' e 'siga-me'.
 Inicialmente, serão comercializados aparelhos das marcas LG (modelos SP110, LEI 1000 e LP 1000) e Nokia, que já podem ser encontrados em red es de varejo (Extra, Eletro, Casas Bahia, Casa & Vídeo, Ponto Frio, Magazine Luiza, Lojas Maia e Yamada, por exemplo).
 Com o Livre, a Embratel entra definitivamente na telefonia fixa residencial, através de uma alternativa simples e barata, uma vez que a economia com o novo produto pode chegar a 60% em relação aos planos tradicionais de telefonia fixa , nos quais o cliente é obrigado a pagar a assinatura mensal... A tecnologia utilizada é a CDMA (Code Division Multiple Access), que  permite o uso de aparelhos sem fio com recursos de última geração e com alcance restrito à área da residência onde estão instalados.
 E agora Oi?
  Custo da ligação: Fixo: R$ 0,07 p/ minuto  Celular: R$ 0,67 p/ minuto
 Os interessados terão à sua disposição um call center com atendimento para o Livre pelo telefone 0800-721-2165 ou 4004-4021 (ligação gratuita). Ou o Site.
 SE ACHAR OPORTUNO, FAVOR PASSAR PARA O MÁXIMO DE PESSOAS POSSÍVEL E PEÇA PARA LEVAR A CORRENTE ADIANTE, POIS NÃO AGÜENTAMOS MAIS A SOBERBA DA TELEFÔNICA.
 O adeus à Brasil telecom (Oi)
 CANCELAMENTO DA TAXA TELEFÔNICA de:
 R$ 40,37 (residencial) e R$ 56,08 (comercial)!!
 Quando se trata do interesse da população, nada é divulgado.
 Ligue 0800-619619 (Câmara dos Deputados).  Digite 1 (um) para falar com a atendente. Diga que é para votar a favor do cancelamento da taxa de telefone fixo. O Projeto de Lei é o de n.º 5476, do ano de 2001. Esse tipo de assunto NÃO é veiculado na TV ou no rádio, porque eles não têm interesse e não estão preocupados com isso. Então nós é que temos de correr atrás, afinal quem paga somos nós!
 Entrando em vigor esta lei, você só pagará pelas ligações efetuadas, acabando com esse roubo que é a assinatura mensal. Este projeto está tramitando na 'COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR', na Câmara.

ZUZUANDO


 O MINEIRIM E A VACA LOUCA...
ENTREVISTA
Ela começa a gravar:"Boa noite, senhor. Nós estamos aqui para ouvir sua opinião. O que o senhor atribui a razão principal das vacas terem apanhado a chamada doença da vaca louca? É apenas loucura das vacas?".
O minerim olhou para a moça e respondeu:
- Ocê sabia que o touro "come" a vaca somente uma vez por ano?A repórter, visivelmente embaraçada, fala:
- Bem, senhor, eu não sabia...informação interessante, mas o que isso
tem a ver com a doença?
 - Ocê sabia que as vaca são ordenhada quatro veiz por dia? 
- Senhor, novamente agradeço a informação, mas porque não vamos diretamente ao ponto central da minha pergunta: a que o senhor atribui o
fenômeno da vaca louca?O fazendeiro, visivelmente irritado, responde:
- Uai!!! Imagine se eu ficasse brincano com suas tetinha quatro veiz por dia, e só trepasse cocê uma povez por ano. Ocê tamém num ficaria loca???

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Secretária de Saúde estadual de São Paulo emite “Carteira de Esquizofrenia"

"Não, não tenho vergonha de ser esquizofrênico. Mas também não posso dizer que é fácil lidar com o preconceito." Fonte Boletim de Fausto Figueira
Secretária de Saúde estadual emite “Carteira de Esquizofrenia" Fausto Figueira, deputado estadual do PT, quer ação do Ministério Público contra “Carteira de Esquizofrênico”A utilização de uma carteira, emitida pela Secretaria de Saúde do Estado, por pacientes dos serviços de atendimento à saúde mental, com a palavra “esquizofrenia” estampada em letras graúdas, levou o deputado
estadual Fausto Figueira (PT) a pedir providências ao promotor de Direitos Humanos na área de Saúde Pública, Arthur Pinto Filho, contra o que considera uma discriminação de inspiração nazista.Segundo o deputado, o secretário da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, “é o gestor da saúde pública no Estado de São Paulo, e tem o dever de impedir que pacientes sejam discriminados, notadamente o doente
mental.” A denúncia partiu de um paciente, autor da carta “A Esquizofrenia e a Estrela de David”, encaminhada à Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, presidida por Figueira. Na mensagem,
o paciente diz que no dia 20 de abril, ao retirar o medicamento do qual faz uso na Farmácia de Medicamentos Especializados, em Santos, gerenciada pela Cruzada Bandeirante São Camilo, sob os auspícios da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, recebeu uma carteira amarela com a palavra “esquizofrenia” estampada em letras graúdas.

O paciente, sentindo-se discriminado, equiparou a carteira recebida ao período nazista e argumentou que a carteira afronta a Lei 10.216 (chamada Lei Paulo Delgado), pois quebra do sigilo do diagnóstico estabelecido em prontuário. “Sabe-se – diz o deputado na justificativa da sua representação – que o estigma traz problemas (..) como a exclusão do individuo com doença mental nas suas relações sociais. (…) As doenças mentais devem ser
encaradas do mesmo modo que as doenças físicas. Tal como o câncer e as doenças de coração, sabe-se que muitas doenças mentais têm causas definidas, requerendo cuidados e tratamento específicos. Quando os cuidados e o tratamento são prestados, é de esperar uma melhoria ou recuperação, permitindo às pessoas regressarem à comunidade e retomarem vidas normais. Infelizmente, os preconceitos impedem que as pessoas,
uma vez recuperadas ou tratadas, consigam dar os passos para reingressar na vida familiar e social, com total plenitude.”

Segundo Figueira, “a ‘Carteira do Esquizofrênico’, assim denominada pela denúncia do paciente discriminado, também contraria a Declaração de Direitos do Deficiente Mental, da Organização das Nações Unidas e a
própria Constituição Federal, merecendo ser repudiada”. Abaixo, a íntegra da carta do paciente encaminhada à Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia Legislativa:
"A Esquizofrenia e a Estrela de David

Em 1938, a chamada “Noite dos Cristais” marca o início da perseguição aos judeus na Alemanha e na Áustria. Posteriormente, os judeus são confinados em bairros determinados e obrigados a andar com a estrela de David estampada em papelete amarelo e pregada junto a roupa, de forma que fossem facilmente identificados.
“Esse segregacionismo também é estendido aos ciganos, comunistas, homossexuais e, inclusive, aos doentes mentais. A Alemanha de Hitler exterminou e perseguiu milhões de pessoas, constituindo-se como uma das mais horrendas e vergonhosas páginas da história do Homem. Infelizmente o preconceito e perseguição às minorias chegam até os nossos dias, seja pelo viés das piadas e comentários de gosto duvidoso, seja por grupos  organizados como os ‘skinheads’.
“Em 20 de abril de 2010, ao retirar o medicamento do qual faço uso na Farmácia de Medicamentos  Especializados, em Santos, gerenciada agora pela Cruzada Bandeirante São Camilo, sob os auspícios da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, recebo uma carteira amarela com enormes carimbos estampados: ESQUIZOFRENIA.
“Confesso que num primeiro momento a única coisa em que pensei foi que havia em minha testa uma tatuagem, um carimbo com meu diagnóstico estampado para que todos pudessem apontar e dizer: ‘Lá vai o esquizofrênico’. Teria sido apenas um ‘ato falho’ da burocracia? Quem sabe uma ação inconsciente do recém-admitido gestor da farmácia? Ou seria, então, uma política pensada e planejada para expor e reafirmar o estigma das pessoas?
“A Lei 10.216 (chamada Lei Paulo Delgado), assim como outras leis específicas da legislação médica, é ferida frontalmente na medida em que o sigilo do diagnóstico estabelecido em prontuário médico é, escancaradamente e em letras garrafais, divulgado. A Carteira do Esquizofrênico, nesse sentido, é uma afronta ao bom senso. Mais do que isso, é ilegal, dissemina o preconceito, ofende a ética e, sobretudo, causa revolta.
“Todo o trabalho, treinamento, aprimoramento, debates, documentos, fóruns, leis promulgadas, etc., é jogado por terra por atos que denotam a verdadeira face de governantes descomprometidos com os avanços conquistados pelas lutas dos doentes mentais. A Carteira do Esquizofrênico mostra a verdade, ela rotula nossas misérias para calar a nossa voz. Um governo que se nega a convocar a Conferência Estadual de Saúde Mental; que pouca importância dá à Saúde Mental de nosso município; que sucateou os serviços do Hospital Guilherme Álvaro para entregá-lo à iniciativa privada; que sucateou a antiga Farmácia de Medicamentos de Alto Custo para mais uma vez entregar um serviço público à iniciativa privada e que, em conjunto com a Prefeitura Municipal de Santos, vem precarizando os NAPS, só poderia mesmo mostrar todo o seu pensamento em
relação a nós, usuários dos serviços, num ‘ato falho’: a ‘Carteira de Louco’.
“A burocracia burra e mal intencionada é um dos braços desta máquina de estigmatização. Primeiros os loucos, depois os pobres, depois os negros, e assim por diante, até que todas as vozes contrárias sejam suprimidas.
“O passo seguinte ao de retirar a nossa voz é nos colocar novamente nos manicômios (ou nos trinta novíssimos leitos psiquiátricos recém-abertos pela Cruzada Bandeirante São Camilo) e, retrocedendo ainda mais, aplicar-nos castigos como o eletrochoque, a solitária e outros métodos sádicos, que brotam na mente dos que administram as instituições desse caráter, chegando, por fim, à tão sonhada volta da lobotomia, em que o Estado poderia estar livre de despesas e questionamentos.
Não, não tenho vergonha de ser esquizofrênico. Mas também não posso dizer que é fácil lidar com o preconceito. Por todos os lugares onde tento fazer valer a minha cidadania, logo vem a taxação: é louco! Também não é raiva o que sinto, nem indignação. É um sentimento de impotência frente a esta máquina tão poderosa que fatalmente irá desconsiderar meu desabafo com apenas um argumento: “é louco”. E isto é o
que faz minhas pernas e meu corpo fraquejarem, mas parafraseando Cazuza no final de sua vida, morro atirando.”

ÁLCOOL


Precisa-se de Matéria Prima para construir um País por João Ubaldo Ribeiro


A crença geral anterior  era que Collor não  servia, bem como Itamar  e Fernando Henrique
Agora  dizemos que Lula  não serve.E o que vier depois de  Lula também 
não  servirá paranada... 
Por  isso estou começando  a 
suspeitar  que o problema 
não  está no ladrão corrupto
que  foi Collor, ou na  farsa 
que  é o Lula. 
 O  problema está em nós.  
Nós  como POVO.  
Nós  como matéria prima  de um país.  
Porque  pertenço a um país  onde a
                     "ESPERTEZA“
  é a moeda que sempre é valorizada,
  tanto ou mais do que o dólar.
  Um país onde ficar rico da noite
para  o dia é uma virtude  mais apreciada
  do que formar uma família, baseada em
valores  e respeito aos demais.  
 Pertenço a um país onde, lamentavelmente,
os  jornais jamais poderão  ser vendidos como 
em  outros países, isto  é, pondo umas caixas
  nas calçadas onde se paga por um só jornal
  E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO
                    OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
  Pertenço ao país onde as
"EMPRESAS  PRIVADAS" são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos...
E  para eles mesmos. 
  Pertenço  a um país onde  a gente se 
sente  o máximo porque conseguiu
"puxar"  a tevê a cabo  do vizinho, onde
a  gente frauda a declaração  de imposto 
de  renda para não pagar  ou pagar menos 
impostos.
  Pertenço  a um país onde  a falta  de pontualidade é um  hábito.  
Onde  os diretores das empresas  não 
valorizam  o capital humano.  
Onde  há pouco interesse  pela ecologia, 
onde  as pessoas atiram lixo  nas ruas e
  depois reclamam do governo por não
  limpar os esgotos.
  Onde  nossos  congressistas  trabalham
dois  dias por semana para  aprovar 
projetos  e leis  que só  servem para 
afundar  o que não tem,  encher o saco 
do  que tem pouco e   beneficiar só a alguns. 
Pertenço  a um país onde  as carteiras
  de motorista e os certificados
  médicos podem ser "comprados",
          sem fazer nenhum exame.
  Um  país onde uma pessoa  de idade avançada,  ou uma mulher com  uma criança nos braços, ou um inválido,fica  em pé no ônibus,  enquanto a pessoa  que está sentada finge  que 
dorme  para não dar o  lugar. Um  país no qual a  prioridade 
de  passagem é para o  carro enão para o pedestre. Um país
onde  fazemos um monte de  coisa errada,  mas nos esbaldamos em 
criticar  nossos governantes. 
 Como "Matéria Prima"de  um país, temos muitas coisas  boas, mas nos falta muito para sermos os homens  e mulheres de que nosso País precisa.
  Esses defeitos, essa
"ESPERTEZA  BRASILEIRA" 
congênita,  essa desonestidade em 
pequena  escala, que depois cresce  e 
evolui  até converter-se em  casos de
escândalo,  essa falta de qualidade
  humana, mais do que Collor, Itamar,
Fernando  Henrique ou Lula, é  que 
é real e honestamente ruim, porque
todos  eles são brasileiros  como nós, 
ELEITOS  POR NÓS.
Nascidos  aqui, não em outra  parte... 
Entristeço-me.  
Porque, ainda que Lula renunciasse
hoje mesmo, o próximo presidenteque  o suceder terá que  continuar trabalhando  com a mesma matériaprima defeituosa que, como povo,somos  nós mesmos. E  não poderá fazer nada...  Não  tenho nenhuma garantia  de quealguém o possa fazer melhor. Masenquanto  alguém não sinalizar  um caminho  destinado a erradica primeiros vícios que temos comopovo,ninguém  servirá.
Nem  serviu Collor, nem serviu  Itamar,
não serviu Fernando Henrique, e nem
serve  Lula, nem servirá o  que vier.  
Qual  é a alternativa?  
Precisamos  de mais um ditador,  para 
que  nos faça cumprir a  lei com a força  e 
por  meio do terror? 
Aqui  faz falta outra coisa.  
E  enquanto essa "outra  coisa" não comece 
a  surgir de baixo para  cima, ou de cima 
para  baixo, ou do centro  para os lados, ou
como  queiram, seguiremos igualmente 
condenados,  igualmente estancados... 
Igualmente  sacaneados! 
 É muito gostoso ser brasileiro.  
Mas  quando essa brasilinidade 
autóctone  começa a ser um  empecilho
às nossas possibilidades de
desenvolvimento  como Nação, aí a 
coisa  muda...  
Não  esperemos acender uma  vela 
a  todos os Santos, a  ver se nos 
mandam um Messias.
Nós  temos que mudar! Um  novo
governante com os mesmos
brasileiros não poderá fazer nada..  
Está  muito claro...  
Somos  nós os que temos  que mudar.
Agora,  depois desta mensagem, 
francamente  decidi procurar o 
responsável,  não para castigá-lo, 
senão  para exigir-lhe (sim,  exigir-lhe)
que melhore seu comportamento e
que  não se faça de  surdo, de 
desentendido.
Sim,  decidi procurar o 
responsável  e 
ESTOU  SEGURO QUE 
O  ENCONTRAREI 
QUANDO
ME OLHAR NO ESPELHO.

DESABAFO DE PROFESSOR

Esse texto que escrevo precisamente agora é mais um desabafo.
Desabafo de uma profissional que está lecionando há mais de 22 anos e que não sabe se sobreviverá por mais dez anos, que é o tempo que ainda precisará trabalhar (por mais que ame muito o que faz).
Trago comigo muitas perguntas que não querem calar. E talvez a mais inquietante seja: O que será necessário acontecer para se fazer uma reforma educacional neste país????
Constantemente, ouço ou leio reportagens com as autoridades educacionais proclamarem a má formação de seus professores. Culpando as Universidades, a falta de cursos de formação e culpando-nos, evidentemente.
Questionamentos:
Como um professor de escola pública pode fazer o seu trabalho se ele precisa ficar constantemente parando sua aula para separar a briga entre os alunos, socorrer seu aluno que foi ferido por outro aluno, planejar várias aulas para se trabalhar os bons hábitos, na tentativa vã de se formar cidadãos mais conscientes e de melhor caráter?
Nos cursos de formação nos é passado constantemente a recusa de um programa tradicional e conteudista, mas nossas avaliações de desempenho das escolas, nossos vestibulares e concursos públicos ainda são tradicionais e nos cobram o conteúdo de cada disciplina.
Como pode num país.....num estado...num município haver regras tão diferentes entre a rede particular e pública? 
 Na rede particular as escolas continuam conteudistas, há a seriação com reprovação, a escola pode suspender ou até mesmo expulsar um aluno que não esteja respeitando as regras daquela instituição.
E, quando ameaçados de morte, se recorremos a uma delegacia pra fazer um boletim de ocorrencia ouvimos: “Isto não vai adiantar nada!”
Meus bons alunos presenciam o mal aluno fazendo tudo o que não pode ser feito e não acontecendo nada com ele. É o exemplo da impunidade desde a infância...
Meus bons alunos presenciam que o aluno que não fez absolutamente nada durante o ano, passou de ano como ele, que se esforçou e foi responsável.
Houve um ano que eu tinha um aluno que era muito bom. E ele começou a faltar muito e ir mal na escola. Os colegas diziam que ele ficava empinando pipa ao invés de ir pra escola. Um dia, tive uma conversa com ele, e perguntei o que estava acontecendo? E ele me disse: “Prá que eu vou vir prá escola se eu vou passar de ano mesmo assim?”
Então eu procurei aconselhar (como faço com meus alunos até hoje) que ele devia frequentar a escola, não para tirar notas boas nas provas ou passar de ano. Ele deveria vir à escola para aumentar seu conhecimento que é o único bem que ninguém poderá roubar.Que a escola iria ajudá-lo a aprender e trocar conhecimentos com os outros e ajudá-lo a dar uma melhor formação na vida..
Depois dessa conversa ele não faltou mais tanto...mas nunca mais voltou a ser o excelente aluno que era.
Qual a motivação de ser bom aluno hoje em dia?
Seus ídolos são jogadores de futebol que não falam o português corretamente e que não hesitam em agredir seus colegas jogadores e até mesmo os árbitros. Ensinando que não é necessário haver respeito às autoridades e aos outros.
Ou são dançarinas que mostram seu corpo rebolando na televisão e pousando nuas para ganhar dinheiro.
Para quê me matar de estudar, se há tantas profissões que não são valorizadas e nem respeitadas?
Conheci (e ainda conheço e convivo) ao longo de minha carreira na escola pública, inúmeros profissionais maravilhosos. Pessoas que amam a sua profissão, que se preocupam com seus alunos, que fazem trabalhos excepcionais, que se dedicam. Que possuem um conhecimento e formação excelentes, mas que estão desgastados e quase arrasados diante da atual situação educacional.
Li, há poucos dias, num artigo que os cursos de Filosofia, Matemática, Química, Biologia e outros todos ligados à área de magistério não estão tendo procura nas Universidades.
Lógico!!!!!Quem é que quer ser professor?
Quem é que quer entrar numa carreira que está sendo extinta, não só pela total desvalorização e respeito, mas também pela falta de segurança que estamos enfrentando nas escolas?
Fiquei indignada com uma reportagem na TV (que aliás adora fazer reportagens sensacionalistas colocando o professor sempre como vilão da história) em que relatava que numa escola um aluno ameaçava os outros com um revólver e, num determinado momento, o repórter perguntou:”Onde estava o professor que não viu isso??!!”
E agora eu pergunto: “O que se espera de um professor (ou de qualquer ser humano), que se faça com uma arma apontada pra você ou pra outro ser humano??? Ah...já sei...o professor deveria enfrentar as balas do revólver!!!! Claro!!! As universidades e os cursos de aperfeiçoamento de professores não estão nos ensinando isso..
Vocês tem conhecimento de como os professores de nosso país estão adoecendo??? ?
Vocês sabem o que é enfrentar o stress que a violência moral e física tem nos submetido dia a dia?
Você sabe o que é ouvir de um pai frases assim:
“Meu filho mentiu, mas ele é apenas uma criança!”
“Eu não sei mais o que fazer com o meu filho!”
“Você está passando muita lição para meu filho, e ele é apenas uma criança!”
“Ele agrediu o coleguinha, mas não foi ele quem começou.”
“Meu filho destruiu a escola, mas não fez isso sozinho!”
Classes super lotadas, falta de material pedagógico, espaço físico destruído, violência, desperdício de merenda, desperdício de material escolar que eles recebem e, muitas vezes, não valorizam (afinal eles não precisam fazer absolutamente nada para merecê-los), brigas por causa do “Leve-leite” (o aluno não pode faltar muito, não por que isso prejudica sua aprendizagem, mas porque senão ele não leva o leite.) E sem esquecer do bolsa-escola!
Regras educacionais dissonantes de acordo com a classe social dos alunos.
Impunidade.
Mas a educação não vai bem, por causa do professor..
Encerro esse desabafo com essa pergunta que li há poucos dias:
Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável."Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nossa humanidade e nosso planeta?"
O BOM NESTE PAÍS É SER POLITICO, DANÇARINA, JOGADOR DE FUTEBOL, CANTOR, ATOR E OUTRAS PROFISSÕES QUE NÃO SEJA PARA EDUCAR...E QUE "SALÁRIO!!! (sem contar que não precisa TER NENHUMA formação acadêmica pra isto, infelizmente. ..)


PROFESSOR – UMA ESPÉCIE EM EXTINÇÃO Por Verônica Dutenkefer

     Esse texto que escrevo precisamente agora é mais um desabafo.
Desabafo de uma profissional que está lecionando há mais de 22 anos e que não sabe se sobreviverá por mais dez anos, que é o tempo que ainda precisará trabalhar (por mais que ame muito o que faz).
Trago comigo muitas perguntas que não querem calar. E talvez a mais inquietante seja: O que será necessário acontecer para se fazer uma reforma educacional neste país????
Constantemente, ouço ou leio reportagens com as autoridades educacionais proclamarem a má formação de seus professores. Culpando as Universidades, a falta de cursos de formação e culpando-nos, evidentemente.
Questionamentos: 
Como um professor de escola pública pode fazer o seu trabalho se ele precisa ficar constantemente parando sua aula para separar a briga entre os alunos, socorrer seu aluno que foi ferido por outro aluno, planejar várias aulas para se trabalhar os bons hábitos, na tentativa vã de se formar cidadãos mais conscientes e de melhor caráter?
Nos cursos de formação nos é passado constantemente a recusa de um programa tradicional e conteudista, mas nossas avaliações de desempenho das escolas, nossos vestibulares e concursos públicos ainda são tradicionais e nos cobram o conteúdo de cada disciplina.
Como pode num país.....num estado...num município haver regras tão diferentes entre a rede particular e pública? 
 Na rede particular as escolas continuam conteudistas, há a seriação com reprovação, a escola pode suspender ou até mesmo expulsar um aluno que não esteja respeitando as regras daquela instituição.
E, quando ameaçados de morte, se recorremos a uma delegacia pra fazer um boletim de ocorrencia ouvimos: “Isto não vai adiantar nada!”
Meus bons alunos presenciam o mal aluno fazendo tudo o que não pode ser feito e não acontecendo nada com ele. É o exemplo da impunidade desde a infância...
Meus bons alunos presenciam que o aluno que não fez absolutamente nada durante o ano, passou de ano como ele, que se esforçou e foi responsável.
Houve um ano que eu tinha um aluno que era muito bom. E ele começou a faltar muito e ir mal na escola. Os colegas diziam que ele ficava empinando pipa ao invés de ir pra escola. Um dia, tive uma conversa com ele, e perguntei o que estava acontecendo? E ele me disse: “Prá que eu vou vir prá escola se eu vou passar de ano mesmo assim?”
Então eu procurei aconselhar (como faço com meus alunos até hoje) que ele devia frequentar a escola, não para tirar notas boas nas provas ou passar de ano. Ele deveria vir à escola para aumentar seu conhecimento que é o único bem que ninguém poderá roubar.Que a escola iria ajudá-lo a aprender e trocar conhecimentos com os outros e ajudá-lo a dar uma melhor formação na vida..
Depois dessa conversa ele não faltou mais tanto...mas nunca mais voltou a ser o excelente aluno que era.
Qual a motivação de ser bom aluno hoje em dia?
Seus ídolos são jogadores de futebol que não falam o português corretamente e que não hesitam em agredir seus colegas jogadores e até mesmo os árbitros. Ensinando que não é necessário haver respeito às autoridades e aos outros.
Ou são dançarinas que mostram seu corpo rebolando na televisão e pousando nuas para ganhar dinheiro.
Para quê me matar de estudar, se há tantas profissões que não são valorizadas e nem respeitadas?
Conheci (e ainda conheço e convivo) ao longo de minha carreira na escola pública, inúmeros profissionais maravilhosos. Pessoas que amam a sua profissão, que se preocupam com seus alunos, que fazem trabalhos excepcionais, que se dedicam. Que possuem um conhecimento e formação excelentes, mas que estão desgastados e quase arrasados diante da atual situação educacional.
Li, há poucos dias, num artigo que os cursos de Filosofia, Matemática, Química, Biologia e outros todos ligados à área de magistério não estão tendo procura nas Universidades.
Lógico!!!!!Quem é que quer ser professor?
Quem é que quer entrar numa carreira que está sendo extinta, não só pela total desvalorização e respeito, mas também pela falta de segurança que estamos enfrentando nas escolas?
Fiquei indignada com uma reportagem na TV (que aliás adora fazer reportagens sensacionalistas colocando o professor sempre como vilão da história) em que relatava que numa escola um aluno ameaçava os outros com um revólver e, num determinado momento, o repórter perguntou:”Onde estava o professor que não viu isso??!!”
E agora eu pergunto: “O que se espera de um professor (ou de qualquer ser humano), que se faça com uma arma apontada pra você ou pra outro ser humano??? Ah...já sei...o professor deveria enfrentar as balas do revólver!!!! Claro!!! As universidades e os cursos de aperfeiçoamento de professores não estão nos ensinando isso..
Vocês tem conhecimento de como os professores de nosso país estão adoecendo??? ?
Vocês sabem o que é enfrentar o stress que a violência moral e física tem nos submetido dia a dia?
Você sabe o que é ouvir de um pai frases assim:
“Meu filho mentiu, mas ele é apenas uma criança!”
“Eu não sei mais o que fazer com o meu filho!”
“Você está passando muita lição para meu filho, e ele é apenas uma criança!”
“Ele agrediu o coleguinha, mas não foi ele quem começou.”
“Meu filho destruiu a escola, mas não fez isso sozinho!”
Classes super lotadas, falta de material pedagógico, espaço físico destruído, violência, desperdício de merenda, desperdício de material escolar que eles recebem e, muitas vezes, não valorizam (afinal eles não precisam fazer absolutamente nada para merecê-los), brigas por causa do “Leve-leite” (o aluno não pode faltar muito, não por que isso prejudica sua aprendizagem, mas porque senão ele não leva o leite.) E sem esquecer do bolsa-escola!
Regras educacionais dissonantes de acordo com a classe social dos alunos.
Impunidade.
Mas a educação não vai bem, por causa do professor..
Encerro esse desabafo com essa pergunta que li há poucos dias:
Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável."Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nossa humanidade e nosso planeta?"
O BOM NESTE PAÍS É SER POLITICO, DANÇARINA, JOGADOR DE FUTEBOL, CANTOR, ATOR E OUTRAS PROFISSÕES QUE NÃO SEJA PARA EDUCAR...E QUE "SALÁRIO!!! (sem contar que não precisa TER NENHUMA formação acadêmica pra isto, infelizmente. ..)


quinta-feira, 24 de junho de 2010

lll SIMPÓSIO NACIONAL DE DEPENDÊNCIA QUÍMICA


Paulo delgado:Palestra proferida por Paulo Delgado na IV CONFERÊNCIA ESTADUAL DE SAÚDE MENTAL - INTERSETORIAL -


BELO HORIZONTE - MG

15 de maio de 2010
Bom dia a todos, Senhoras e Senhores.
A Franco Rotelli, de Trieste, representante da maior escola de
psiquiatria democrática mundial, precursores sob a liderança de Franco
Basaglia e sua Lei 180, da reforma brasileira que aqui nos reúne;

Bom dia Fernanda Nicáccio que nos remete à pioneira experiência de
Santos da desconstrução do Anchieta;

Saudação a Rose Silva do Fórum Mineiro de Saúde Mental;

Agradeço a Martha Elizabeth à gentileza do convite para essa palestra
e peço que transmita ao Secretário de Saúde de Minas Gerais,  Antonio
Jorge Marques a elevada honra de estar aqui.




Permitam-me iniciar lembrando dúvida clássica sobre o sentido da vida:
o mundo é digno de riso ou de lágrima? Padre Antonio Vieira
interpretando lenda grega que envolvia dois filósofos, decidia:
¨Demócrito ria, porque todas as coisas humanas lhe pareciam
ignorâncias; Heráclito chorava, porque todas lhe pareciam misérias;
logo, maior razão tinha Heráclito de chorar, que Demócrito de rir;
porque neste mundo há muitas misérias que não são ignorâncias, e não
há ignorância que não seja miséria”.

Uma lei fundadora. Não! Fundadora da lei é  o Movimento Nacional da
Luta Antimanicomial e seus fundamentos: humanismo, ciência, técnica,
comunidade, afeto, história. Era preciso continuar o trabalho de todos
aqueles, profissionais e leigos, que alertas e sensíveis, buscavam
reorientar a medicina moderna na direção que aponta para a unidade
corpo-espírito e querer, assim, encontrar a origem, a fabricação das
doenças orgânicas, físicas e mentais.

Não sou médico, psiquiatra, psicólogo, terapeuta, psicanalista,
enfermeiro, assistente social, auxiliar de enfermagem ou gestor.  Sou
candidato a paciente e enlouquecido quero ser tratado num serviço
aberto, o melhor do Caps.

Da Lei 10.216 de 2001 posso dizer o seguinte nessa hora, a partir do
que ouço, leio, vejo, escrevo, acompanho e defendo todos esses anos em
 solidariedade  aos que sofrem, trabalham e lutam pela abolição da
solidão e do isolamento do doente mental brasileiro.

Cuidado. Como substantivo, adjetivo ou interjeição é zelo dos
preocupados, esmero, precaução, advertência para o perigo, vigilância,
dedicação, encargo, lida, proteção. Atenção, tomar conta, acolher.
Cuidado é o princípio que norteia essa lei. Evoluir a clínica, fazer
do intratável o tratável. É essencial o apoio social e familiar que
influencie comportamentos, mude hábitos, confronte preconceitos,
classificações, nosologia, catálogos de interdições. Dedicada a
cidadãos enfermos vistos como sem vontade, liberdade, autonomia porque
foram colhidos pelo “mal de viver”. Não é a doença mental que a lei
questiona, mas a maneira de tratá-la.

A sociedade cria e recria normas para definir o que rejeita e
consagra. Faz-se progressista na área de saúde por atitudes, mais do
que por atos. Assim, inscrever o doente mental na história da saúde
pública aumentando sua aceitação social, diminuindo o estigma da
periculosidade e incapacidade civil absoluta contribui para elevar o
padrão de civilidade da vida quotidiana. A doença mental não é
contagiosa, dispensa isolamento. Não pode ser compreendida como
estritamente orgânica apaziguada só pela quimioterapia e os remédios.
Claro, é o avanço da medicina e da farmacologia que permite a
reinserção social, convivência, restituindo o indivíduo, sua alma e
desejos, ao mundo dos vivos. A medicina não deve ser carceral para não
ampliar a solidão moral do paciente como se sua doença criasse para
ele um mundo do não direito.Acolhimento, tratamento precoce melhoram a evolução e a direção da
doença. Agir antes do surto para não ferir, ferir-se, quebrar.
Sintomas físicos, queixas, mal-estar, sempre foram indícios de várias
enfermidades. Melhorar a escuta geral dos sintomas aparentemente sem
importância – dores de cabeça, tremores, dores abdominais, cansaço
extremo, falta de ar, agravado pelo embrulho e o ruído da
adolescência: álcool, droga, conflito de gerações, esquisitices, vazio
existencial, impaciência com o diferente.Saúde não é ausência de doenças. É um estado geral de bem-estar
físico, psíquico e social como bem define a Organização Mundial de
Saúde. A doença não é um fracasso. É um evento na vida da pessoa que
não cria para ela um estatuto de exilado em relação ao que é ou está
normal. É um processo que exige observação tolerante, preservação de
direitos. A internação é uma parte do tratamento, mas não seu sinônimo
e o conceito de leito, nesse caso, não se harmoniza com a terapia
adequada. A medicina da mente e suas galáxias tem que se abrir a uma
certa imprecisão e passar a duvidar que cada comportamento corresponda
a um medicamento. Há muita depressão na sociedade impaciente com os
seus doentes.
A sofisticação do diagnóstico é que relativiza a classificação da
doença, eis o paradoxo atual. É preciso modéstia diante do sofrimento.
Não é porque não sabe, mas porque sabe que a psiquiatria, psicanálise,
psicologia e psicoterapia modernas, baseadas em valores humanos,
psicopatologia da experiência, fundam a reforma psiquiátrica. A
internação como privação da liberdade, monoterapia, só prevalece em
serviços despreparados.
O doente mental é também beneficiário do ambiente jurídico oriundo da
Declaração Universal dos diretos do Homem e do Cidadão, como qualquer
outro paciente. Seu tratamento não é um ato cirúrgico desde que foi
abolida a lobotomia. Só a avaliação permanente do tratamento livra a
psiquiatria da ideologia. Não há sucesso médico-terapêutico sem afeto,
cultura, história da doença, escuta do sofrimento, subjetividade. Como
bem sabia e praticada Dra. Nise da Silveira, precursora da lei.
Como ainda não sabem - mas precisam ser conquistados para esse novo
horizonte do saber e da justiça - muitos membros do Poder Judiciário e
do Ministério Público que com desabrida ousadia invadem o saber médico
e sanitário, violam a integridade do indivíduo, protegidos pelo
preconceito que é a tradição de tutela – ousadia para a qual não
teriam coragem em outras áreas da medicina - e imaginando proteger
direitos decidem, por verdadeiras cartas régias, mandar internar os
incômodos. Assim  provocam mais mal, imaginando fazer o bem.Enfim, para aqueles que ameaçam a evolução do tratamento e  buscam
legitimidade para suas críticas atravessando com desrespeito os
fundamentos humanistas e técnicos da lei, quem sabe assim os
tranquilizo:“Se eu soubesse de alguma coisa útil à minha nação que fosse danosa a
uma a outra, eu não a proporia, porque sou homem antes de ser nacional
ou ainda porque sou necessariamente homem, não sendo nacional senão
por acaso. Se soubesse de alguma coisa que me fosse útil e prejudicial
à minha família, meu espírito a rejeitaria. Se soubesse que alguma
coisa que fosse útil à minha família e que não o fosse à minha pátria,
buscaria esquecê-la. Se soubesse de alguma coisa que fosse útil à
minha pátria e que fosse prejudicial ao meu continente ou que fosse
útil ao meu continente e prejudicial ao gênero humano, eu a veria como
um crime”. É de Montesquieu o espírito da lei.

Muito obrigado a vocês.

Paulo Delgado

Professor, Deputado Federal
alestra proferida por Paulo Delgado na IV CONFERÊNCIA ESTADUAL DE
SAÚDE MENTAL - INTERSETORIAL -

Palestra proferida por Paulo Delgado na IV CONFERÊNCIA ESTADUAL DE SAÚDE MENTAL - INTERSETORIAL



BELO HORIZONTE - MG
15 de maio de 2010
Bom dia a todos, Senhoras e Senhores.
A Franco Rotelli, de Trieste, representante da maior escola de
psiquiatria democrática mundial, precursores sob a liderança de Franco
Basaglia e sua Lei 180, da reforma brasileira que aqui nos reúne;
Bom dia Fernanda Nicáccio que nos remete à pioneira experiência de
Santos da desconstrução do Anchieta;Saudação a Rose Silva do Fórum Mineiro de Saúde Mental;
Agradeço a Martha Elizabeth à gentileza do convite para essa palestra
e peço que transmita ao Secretário de Saúde de Minas Gerais,  Antonio
Jorge Marques a elevada honra de estar aqui.




Permitam-me iniciar lembrando dúvida clássica sobre o sentido da vida:
o mundo é digno de riso ou de lágrima? Padre Antonio Vieira
interpretando lenda grega que envolvia dois filósofos, decidia:
¨Demócrito ria, porque todas as coisas humanas lhe pareciam
ignorâncias; Heráclito chorava, porque todas lhe pareciam misérias;
logo, maior razão tinha Heráclito de chorar, que Demócrito de rir;
porque neste mundo há muitas misérias que não são ignorâncias, e não
há ignorância que não seja miséria”.

Uma lei fundadora. Não! Fundadora da lei é  o Movimento Nacional da
Luta Antimanicomial e seus fundamentos: humanismo, ciência, técnica,
comunidade, afeto, história. Era preciso continuar o trabalho de todos
aqueles, profissionais e leigos, que alertas e sensíveis, buscavam
reorientar a medicina moderna na direção que aponta para a unidade
corpo-espírito e querer, assim, encontrar a origem, a fabricação das
doenças orgânicas, físicas e mentais.

Não sou médico, psiquiatra, psicólogo, terapeuta, psicanalista,
enfermeiro, assistente social, auxiliar de enfermagem ou gestor.  Sou
candidato a paciente e enlouquecido quero ser tratado num serviço
aberto, o melhor do Caps.

Da Lei 10.216 de 2001 posso dizer o seguinte nessa hora, a partir do
que ouço, leio, vejo, escrevo, acompanho e defendo todos esses anos em
 solidariedade  aos que sofrem, trabalham e lutam pela abolição da
solidão e do isolamento do doente mental brasileiro.

Cuidado. Como substantivo, adjetivo ou interjeição é zelo dos
preocupados, esmero, precaução, advertência para o perigo, vigilância,
dedicação, encargo, lida, proteção. Atenção, tomar conta, acolher.
Cuidado é o princípio que norteia essa lei. Evoluir a clínica, fazer
do intratável o tratável. É essencial o apoio social e familiar que
influencie comportamentos, mude hábitos, confronte preconceitos,
classificações, nosologia, catálogos de interdições. Dedicada a
cidadãos enfermos vistos como sem vontade, liberdade, autonomia porque
foram colhidos pelo “mal de viver”. Não é a doença mental que a lei
questiona, mas a maneira de tratá-la.

A sociedade cria e recria normas para definir o que rejeita e
consagra. Faz-se progressista na área de saúde por atitudes, mais do
que por atos. Assim, inscrever o doente mental na história da saúde
pública aumentando sua aceitação social, diminuindo o estigma da
periculosidade e incapacidade civil absoluta contribui para elevar o
padrão de civilidade da vida quotidiana. A doença mental não é
contagiosa, dispensa isolamento. Não pode ser compreendida como
estritamente orgânica apaziguada só pela quimioterapia e os remédios.
Claro, é o avanço da medicina e da farmacologia que permite a
reinserção social, convivência, restituindo o indivíduo, sua alma e
desejos, ao mundo dos vivos. A medicina não deve ser carceral para não
ampliar a solidão moral do paciente como se sua doença criasse para
ele um mundo do não direito.

Acolhimento, tratamento precoce melhoram a evolução e a direção da
doença. Agir antes do surto para não ferir, ferir-se, quebrar.
Sintomas físicos, queixas, mal-estar, sempre foram indícios de várias
enfermidades. Melhorar a escuta geral dos sintomas aparentemente sem
importância – dores de cabeça, tremores, dores abdominais, cansaço
extremo, falta de ar, agravado pelo embrulho e o ruído da
adolescência: álcool, droga, conflito de gerações, esquisitices, vazio
existencial, impaciência com o diferente.
Saúde não é ausência de doenças. É um estado geral de bem-estar
físico, psíquico e social como bem define a Organização Mundial de
Saúde. A doença não é um fracasso. É um evento na vida da pessoa que
não cria para ela um estatuto de exilado em relação ao que é ou está
normal. É um processo que exige observação tolerante, preservação de
direitos. A internação é uma parte do tratamento, mas não seu sinônimo
e o conceito de leito, nesse caso, não se harmoniza com a terapia
adequada. A medicina da mente e suas galáxias tem que se abrir a uma
certa imprecisão e passar a duvidar que cada comportamento corresponda
a um medicamento. Há muita depressão na sociedade impaciente com os
seus doentes.

A sofisticação do diagnóstico é que relativiza a classificação da
doença, eis o paradoxo atual. É preciso modéstia diante do sofrimento.
Não é porque não sabe, mas porque sabe que a psiquiatria, psicanálise,
psicologia e psicoterapia modernas, baseadas em valores humanos,
psicopatologia da experiência, fundam a reforma psiquiátrica. A
internação como privação da liberdade, monoterapia, só prevalece em
serviços despreparados.

O doente mental é também beneficiário do ambiente jurídico oriundo da
Declaração Universal dos diretos do Homem e do Cidadão, como qualquer
outro paciente. Seu tratamento não é um ato cirúrgico desde que foi
abolida a lobotomia. Só a avaliação permanente do tratamento livra a
psiquiatria da ideologia. Não há sucesso médico-terapêutico sem afeto,
cultura, história da doença, escuta do sofrimento, subjetividade. Como
bem sabia e praticada Dra. Nise da Silveira, precursora da lei.

Como ainda não sabem - mas precisam ser conquistados para esse novo
horizonte do saber e da justiça - muitos membros do Poder Judiciário e
do Ministério Público que com desabrida ousadia invadem o saber médico
e sanitário, violam a integridade do indivíduo, protegidos pelo
preconceito que é a tradição de tutela – ousadia para a qual não
teriam coragem em outras áreas da medicina - e imaginando proteger
direitos decidem, por verdadeiras cartas régias, mandar internar os
incômodos. Assim  provocam mais mal, imaginando fazer o bem.

Enfim, para aqueles que ameaçam a evolução do tratamento e  buscam
legitimidade para suas críticas atravessando com desrespeito os
fundamentos humanistas e técnicos da lei, quem sabe assim os
tranquilizo:

“Se eu soubesse de alguma coisa útil à minha nação que fosse danosa a
uma a outra, eu não a proporia, porque sou homem antes de ser nacional
ou ainda porque sou necessariamente homem, não sendo nacional senão
por acaso. Se soubesse de alguma coisa que me fosse útil e prejudicial
à minha família, meu espírito a rejeitaria. Se soubesse que alguma
coisa que fosse útil à minha família e que não o fosse à minha pátria,
buscaria esquecê-la. Se soubesse de alguma coisa que fosse útil à
minha pátria e que fosse prejudicial ao meu continente ou que fosse
útil ao meu continente e prejudicial ao gênero humano, eu a veria como
um crime”. É de Montesquieu o espírito da lei.
Muito obrigado a vocês.
Paulo Delgado
Professor, Deputado Federal

E....COM VOCÊS, PAULO DELGADO.

Palestra proferida por Paulo Delgado na IV CONFERÊNCIA ESTADUAL DE
SAÚDE MENTAL - INTERSETORIAL -BELO HORIZONTE - MG

15 de maio de 2010


Bom dia a todos, Senhoras e Senhores.

A Franco Rotelli, de Trieste, representante da maior escola de
psiquiatria democrática mundial, precursores sob a liderança de Franco
Basaglia e sua Lei 180, da reforma brasileira que aqui nos reúne;
Bom dia Fernanda Nicáccio que nos remete à pioneira experiência de
Santos da desconstrução do Anchieta;Saudação a Rose Silva do Fórum Mineiro de Saúde Mental;
Agradeço a Martha Elizabeth à gentileza do convite para essa palestra
e peço que transmita ao Secretário de Saúde de Minas Gerais,  Antonio
Jorge Marques a elevada honra de estar aqui.
Permitam-me iniciar lembrando dúvida clássica sobre o sentido da vida:
o mundo é digno de riso ou de lágrima? Padre Antonio Vieira
interpretando lenda grega que envolvia dois filósofos, decidia:
¨Demócrito ria, porque todas as coisas humanas lhe pareciam
ignorâncias; Heráclito chorava, porque todas lhe pareciam misérias;
logo, maior razão tinha Heráclito de chorar, que Demócrito de rir;
porque neste mundo há muitas misérias que não são ignorâncias, e não
há ignorância que não seja miséria”.
Uma lei fundadora. Não! Fundadora da lei é  o Movimento Nacional da
Luta Antimanicomial e seus fundamentos: humanismo, ciência, técnica,
comunidade, afeto, história. Era preciso continuar o trabalho de todos
aqueles, profissionais e leigos, que alertas e sensíveis, buscavam
reorientar a medicina moderna na direção que aponta para a unidade
corpo-espírito e querer, assim, encontrar a origem, a fabricação das
doenças orgânicas, físicas e mentais.

Não sou médico, psiquiatra, psicólogo, terapeuta, psicanalista,
enfermeiro, assistente social, auxiliar de enfermagem ou gestor.  Sou
candidato a paciente e enlouquecido quero ser tratado num serviço
aberto, o melhor do Caps.
Da Lei 10.216 de 2001 posso dizer o seguinte nessa hora, a partir do
que ouço, leio, vejo, escrevo, acompanho e defendo todos esses anos em
 solidariedade  aos que sofrem, trabalham e lutam pela abolição da
solidão e do isolamento do doente mental brasileiro.

Cuidado. Como substantivo, adjetivo ou interjeição é zelo dos
preocupados, esmero, precaução, advertência para o perigo, vigilância,
dedicação, encargo, lida, proteção. Atenção, tomar conta, acolher.
Cuidado é o princípio que norteia essa lei. Evoluir a clínica, fazer
do intratável o tratável. É essencial o apoio social e familiar que
influencie comportamentos, mude hábitos, confronte preconceitos,
classificações, nosologia, catálogos de interdições. Dedicada a
cidadãos enfermos vistos como sem vontade, liberdade, autonomia porque
foram colhidos pelo “mal de viver”. Não é a doença mental que a lei
questiona, mas a maneira de tratá-la.

A sociedade cria e recria normas para definir o que rejeita e
consagra. Faz-se progressista na área de saúde por atitudes, mais do
que por atos. Assim, inscrever o doente mental na história da saúde
pública aumentando sua aceitação social, diminuindo o estigma da
periculosidade e incapacidade civil absoluta contribui para elevar o
padrão de civilidade da vida quotidiana. A doença mental não é
contagiosa, dispensa isolamento. Não pode ser compreendida como
estritamente orgânica apaziguada só pela quimioterapia e os remédios.
Claro, é o avanço da medicina e da farmacologia que permite a
reinserção social, convivência, restituindo o indivíduo, sua alma e
desejos, ao mundo dos vivos. A medicina não deve ser carceral para não
ampliar a solidão moral do paciente como se sua doença criasse para
ele um mundo do não direito.

Acolhimento, tratamento precoce melhoram a evolução e a direção da
doença. Agir antes do surto para não ferir, ferir-se, quebrar.
Sintomas físicos, queixas, mal-estar, sempre foram indícios de várias
enfermidades. Melhorar a escuta geral dos sintomas aparentemente sem
importância – dores de cabeça, tremores, dores abdominais, cansaço
extremo, falta de ar, agravado pelo embrulho e o ruído da
adolescência: álcool, droga, conflito de gerações, esquisitices, vazio
existencial, impaciência com o diferente.

Saúde não é ausência de doenças. É um estado geral de bem-estar
físico, psíquico e social como bem define a Organização Mundial de
Saúde. A doença não é um fracasso. É um evento na vida da pessoa que
não cria para ela um estatuto de exilado em relação ao que é ou está
normal. É um processo que exige observação tolerante, preservação de
direitos. A internação é uma parte do tratamento, mas não seu sinônimo
e o conceito de leito, nesse caso, não se harmoniza com a terapia
adequada. A medicina da mente e suas galáxias tem que se abrir a uma
certa imprecisão e passar a duvidar que cada comportamento corresponda
a um medicamento. Há muita depressão na sociedade impaciente com os
seus doentes.

A sofisticação do diagnóstico é que relativiza a classificação da
doença, eis o paradoxo atual. É preciso modéstia diante do sofrimento.
Não é porque não sabe, mas porque sabe que a psiquiatria, psicanálise,
psicologia e psicoterapia modernas, baseadas em valores humanos,
psicopatologia da experiência, fundam a reforma psiquiátrica. A
internação como privação da liberdade, monoterapia, só prevalece em
serviços despreparados.
O doente mental é também beneficiário do ambiente jurídico oriundo da
Declaração Universal dos diretos do Homem e do Cidadão, como qualquer
outro paciente. Seu tratamento não é um ato cirúrgico desde que foi
abolida a lobotomia. Só a avaliação permanente do tratamento livra a
psiquiatria da ideologia. Não há sucesso médico-terapêutico sem afeto,
cultura, história da doença, escuta do sofrimento, subjetividade. Como
bem sabia e praticada Dra. Nise da Silveira, precursora da lei.
Como ainda não sabem - mas precisam ser conquistados para esse novo
horizonte do saber e da justiça - muitos membros do Poder Judiciário e
do Ministério Público que com desabrida ousadia invadem o saber médico
e sanitário, violam a integridade do indivíduo, protegidos pelo
preconceito que é a tradição de tutela – ousadia para a qual não
teriam coragem em outras áreas da medicina - e imaginando proteger
direitos decidem, por verdadeiras cartas régias, mandar internar os
incômodos. Assim  provocam mais mal, imaginando fazer o bem.

Enfim, para aqueles que ameaçam a evolução do tratamento e  buscam
legitimidade para suas críticas atravessando com desrespeito os
fundamentos humanistas e técnicos da lei, quem sabe assim os
tranquilizo:
“Se eu soubesse de alguma coisa útil à minha nação que fosse danosa a
uma a outra, eu não a proporia, porque sou homem antes de ser nacional
ou ainda porque sou necessariamente homem, não sendo nacional senão
por acaso. Se soubesse de alguma coisa que me fosse útil e prejudicial
à minha família, meu espírito a rejeitaria. Se soubesse que alguma
coisa que fosse útil à minha família e que não o fosse à minha pátria,
buscaria esquecê-la. Se soubesse de alguma coisa que fosse útil à
minha pátria e que fosse prejudicial ao meu continente ou que fosse
útil ao meu continente e prejudicial ao gênero humano, eu a veria como
um crime”. É de Montesquieu o espírito da lei.
Muito obrigado a vocês.
Paulo Delgado
Professor, Deputado Federal